quarta-feira, 16 de julho de 2008

Póstumas

Eu tenho, eu vou, eu nunca, jamais, eu resisto, eu exito, eu amo, eu adoro, eu o venero, ó padrinho!
Quantas afirmações, rejeições, infrações! O que hoje eu afirmei com a postura posta à prova, amanhã eu já mudo... Não adianta... Eu afirmo e bato o pé: " A única certeza que alguém pode ter nesse mundo é a de que não sabemos de nada." Absolutamente nada! Não temos certeza de nada que possa acontecer, não tem sentido querer saber do amanhã. Você não gostaria de degustar uma praia com um notebook no seu colo, ou ouvir uma bela canção com pressa de chegar logo ao seu destino. Não faço carnaval em trincheira de guerra, não rio ao ver alguém chorar, meu poder não é esse.
Em dias de eleições, você estará sempre do lado errado se não ligar o seu voto à sua própria profissão. Eu não tenho profissão ainda, eu sou estudante, e agora? Em quem votar? Quem merece nosso apoio? Quem eu posso ter certeza que vai salvar a mim e meus amigos? Quem vai pagar, investir pra ver-nos realizados? Quem paga pra que Marios, Manuéis, Pablos, Cervantes, Sérgios, Azevedos, Assis nos prenda numa cadeira dentro de casa com um mundo em nossas mãos todos os dias? O prazer sem fim de conhecer seu próprio país? Quem, me diz!
- Eu estou do lado errado.
- Tem um lado pra se estar.
- Você tem que ter um lado.
- Tem um lado?
Porque tem que ter a esquerda e a direita? Por que eu tenho que ir pra escola, numa decadência num lugar onde talvez se aprenda, às 19 até as 23hs da noite, cansada mas querendo cumprir com sua obrigação, querendo algo mais! E a noite chegar em casa, ver que tudo podería ser diferente, tocar a minha gaita e de lá tentar tirar alguma idéia, uma ideologia que me faça fugir das normas e ter um lugar meu.
No dia seguinte, no trem da linha F que vai de Calmon Viana até o Brás, passar em frente à estação USP-Leste, sentir que seus planos não têm raízes e ao ver alguém que desce lá, sentir seus erros próximos ao seu peito apertando-te contra o mundo e ver claramente toda pressão que meu pai me fez pra que eu tivesse meu espaço, pra eu fosse uma profissional brilhante. É meu sonho, não é da boca pra fora. Eu me desespero ao ver que o texto que escrevi não ficou bom, choro ao ver um 5 numa redação. Esse um dia será meu ganha pão, o jornalismo é o que eu quero! Eu quero ser jornalista, quero ter o meu espaço quero me destacar. Mas a realidade me trás de volta e a dificuldade que eu vou ter de alcançar meus sonhos me deixa triste, mas ao mesmo tempo orgulhosa, um dia eu consigo e nesse dia eu farei um brinde aos meus livros amados, ao meu pai, pois sei que as tardes que passei, muitas vezes nervosa por não conseguir achar um X, as tardes de sábado e domingo jogando xadrez, à minha mãe e minhas irmãs por me apoiarem. Aos meus amigos, por me fazer acreditar em um futuro melhor.

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