terça-feira, 28 de abril de 2009

Fruta Mordida

A amiga comentou um dia: - Você viu aquele fotógrafo? Um charme não? Aquela barba no queixo, olhos claros, cabelos grisalhos e não é calvo e nem tem cara de homem mais velho que quer "dar uma de garoto".
Para Branca, o que mais a atraía, era aquele olhar com ares de francês, talvez filho de estrangeiros. Era de uma sensualidade incrível, charme irresistível, alto, sotaque quase imperceptível. Mas, o que a encabulava de tal maneira era, que aquele olhar passeava seu corpo dos pés a cabeça quando passava, o que a deixava revitalizada.

Atraso
Era um dia típico, muito trabalho, demais para uma pessoa só em seis horas. Branca acabou indo embora sem almoçar, não tinha dinheiro para nada, andando cansada em direção ao metrô, lábios brancos, pele sem vida e, do outro lado, Renatto se aproximava, vinha com sua bolsa de fotógrafo e uma sacola azul.
Cumprimentaram-se e ele lhe deu uma p~era, ela mordeu-a, na sua frente, Renatto viu aqueles lábios, de botões, virarem uma grande rosa vermelha e, a pele de Branca corou, o vento levava seus cabelos, o sol que se punha, fazia brilhar seus olhos, o universo não se atrevia a interromper tamanho esplendor. Conversaram, Renatto deu-lhe um cartão, ele mantinha um site com seus trabalhos, fotos fantásticas, ângulos e imagens captadas por um mestre.
Ela as viu, adorou.
Mira
Nas reuniões que Renatto trabalhava, Branca sempre dava um jeito e passava perto dele, espalhava teu perfume e mechia os cabelos longos, puro charme de mulher.
Quando Renatto aproximava-se, Branca sem olhar já o reconhecia, puramente amadeirado, toques de ervas talvez. No meio da reunião, Renatto tirava fotos suas, discretas, despercebidas, outras quando Branca via, fazia poses, ria, pecava aos flashes.
Beleza rara
Quando tiveram o primeiro encontro sozinhos, Renatto afirmara; Branca tinha uma pele que mais parecia pérola, seus olhos eram tão marcantes que Renatto sentia-se devorado e perdido naquela imensidão castanha. Curvas perfeitas como dunas de areia, cabelos macios, ondulados. Boca pequena que inchava e avermelhava a cada toque do amante perfeito.
A câmera de Renatto, ambiciosa, tentava roubar para si aquela beleza fria e indiscutível. Deitava, rolava, brincava com os lençóis, os cabelos que roubava a cena caindo no rosto.
Renatto via, naquele corpo de vinte e poucos anos, o veneno que chama e quer. Branca se tornou a musa, era sua paixão de perdição, aquele sorriso de libertinagem, aquele ar sério. Branca sabia ser todas, todas as mulheres que toda mulher tem que ter pra si, a séria, a extrovertida, a doce, a pecadora. Era um anjo e um demônio, mas, que ninguém nunca saiba.
No trabalho, na família, para os amigos e a sociedade, Renatto achara sua musa, Branca maravilhou-se e aproveitou de seu doce deleite. Flashes furtados, os olhos que não se perdiam, o seu enrubescimento diante das situações adversas, as frutas que mordia, tudo alimentava seus desejos.
Finito
Até quando Renatto foi para Paris, Branca não se abalou, desapegaram-se, estavam saciados depois de uma obra de arte que foi a paixão dos dois, uma relação de total liberdade pessoal.
Os anos passaram, Branca casou-se, teve duas lindas filhas, três lindas netas, nem os anos abalara aquele charme que a elevava e morreu, com a glória dos anos que viveram e assumira.
Depois do velório, sozinho, Renatto deixara flores vermelhas e um retrato de cinquenta anos atrás. Branca, nua entre os lençóis, risonha.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Semi final do Campeonato Paulista de 2009

Nosso guerreiro esta contundido. Contagem regressiva pra recuperação do gigante RC. 4 meses...


Espero que os corinthianos aproveitem o gostinho da vitória por esses 5 dias que nos separam. Confesso que também ficaria feliz se meu time derrotasse um dos melhores times do mundo! Infelizmente, ganhar uma batalha não significa vencer a guerra. Vocês podem ter um fenômeno, desonesto, sujo, hipócrita e com a data de validade expirada! Porém jamais terão um Rogério Ceni! Muito mais que ídolo e fenômeno, um torcedor capaz de dar sua vida ao time! Se ele pegou um chute do Gerrard numa final de Mundial, não é um "Cristian" (QUEM?) que nos derrubará. Gestos mal educados de suas partes também já são esperados e, sinceramente, não nos afeta. Questionar sobra a suposta posição sexual também já perdeu a graça, assim como já não há mais graça ver os vídeos que "fiéis" choram pedindo pra tirar o "Todo Poderoso" da merda. Honestamente, título da série "B" é algo pra poucos e na sala do Soberano esse prêmio nunca existirá. Sintam prazer nesses 5 dias.. Agradeçam a Globo, ao Salvio e a todos aqueles que dão ao seu timinho a sensação de ser grande! A mídia pode comprar tudo mas nunca lhes darão o gosto de 3 Libertadores seguidas de título Mundial. O prefixo HEXA é pra quem pode e levam-se anos para conquistá-lo. Semana que vem nos vemos no Morumbi e tenham certeza de que serão tratados como seres humanos devem ser tratados! Iremos combater sua ignorância com educação.. Se vocês foram criados na favela e não tiveram oportunidade de educação, sinto muito! Exteriorizem o ódio pra se achar grande, faça isso! Atitude antidesportiva é resolvida na justiça e o futuro do Paulistinha se resolve em campo. Não se esqueçam que o mundo dá voltas! Amanhã e depois vocês voltarão a apanhar do River, afundarão de um jeito Náutico e levarão mais balas de um tal de Carlinhos. Pense e tema isso. Até domingo que vem no Morumbi.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Menina

Raul e Lívia se conheceram no trabalho, trocaram e-mails e começaram a conversar e foram se encontrando. Só que Raul era monótono nas conversas, Lívia era mais expontânea, dinâmica, gozava de seus 16 anos aos pulos, seus finais de semana não acabavam antes de uma interatividade com seus amigos. A mãe entendia, afinal, jovem e bonita, a vida só se vive uma vez.

Raul é estagiário, faz faculdade e consome no vácuo glórias que ainda não tem. No mesmo lugar onde Raul trabalha, foi admitido fulano de 23 anos, efetivo. O reinado de Raul ali teve fim, já não era mais o único cara bonito e interessante pra se conviver.

Um dia, ele telefonou e foi direto, querendo vê-la chamou-a para um cinema, na sua alegria de moça nova aceitou, mas, sensata avisou:
- Chego antes das nove.
Concordou, viram o filme comportados e depois entraram numa lanchonete para conversarem, sentaram-se numa mesa discreta no fundo.

R - E... você já namorou?

L - Sim, já... por 06 meses. - O máximo foi 2 meses - E você namora?

R - Não, mas já namorei. Assim, namorei mulheres, não meninas como você.

O espanto de Lívia com a altivez de Raul foi tão intenso que sentiu sua pressão baixar e percebeu que todo seu preparo e investimentos para uma noite tão especial foram descartados após aquela frase tão perpétua pro seu novo coração. Ela, pra se recompor, calou-se, mas logo em seguida, mostraría-se mais ríspida e firme. Encorajou-se com as poucas forças que lhe restava.
R - Então, eu quería te fazer uma pergunta meio indiscreta...

L - Fala.

R - Ah não, é chato perguntar isso...

L - Pergunta logo Raul!

R - Não...

L - Vai logo! Pergunta logo se eu sou virgem!

R - E você é?

L - Não, mas eu sou uma menina! Tenho corpo de 16 anos e não penso como uma menina de 10 anos.

R - Não, não... Que isso! Também não é pra tanto!

Conversa vai, conversa vem e como todo homem, instigou:

R - Fulano vai viajar e meu deu a chave do apartamento dele, vamos lá no fim de semana?

Lívia aceitou, numa febre intensa, algo novo que consumia seu corpo moço, não sabía se era paixão ou algo mais sério, que talvez mudasse sua vida para sempre.
No dia e na hora marcados, eles se encontraram numa praça próxima ao apartamento, Lívia cheirava a colônia barata e Raul a um perfume que o deixou pobre o mês todo; ela, ao contrário do que ele pensava, estava convicta e segura em cima dos saltos, num vestido colado na cintura, cabelos soltos e batom levemente avermelhado. Ele de tênis e calça jeans, camisa de colarinho verde e cabelos ao vento.

Viraram a esquina e chegaram, lá eles sentaram e serviram-se de um vinho novo, num sofá velho ele a beijou de um jeito bruto, ela o afastou numa grande repulsa e o viu se contorcendo no chão, na esperança de respirar morreu olhando a vingança e o sarcasmo naqueles olhos de menina.

domingo, 12 de abril de 2009

Delírio

Passou a mão nos cabelos, olhou pro lado e se viu no vidro do carro estacionado. Estranha...
Tinha nas costas a mochila entupida de bolacha, livros e lápis.
No pé, o tênis sujo. Na cabeça milhares de pessoas, palavras, notas e livros, e mais livros...
“E se eu achar o resultado da hipotenusa eu percebo que Policarpo de Quaresma poderia não estar tão doido assim... Nooow ... I’m gonna love youuuu.... till the heaven stop the raaaain...”
Tropeça numa pedra e sente o vulto de um ônibus desenfreado ao seu lado.
Susto.
Repõe o fone no ouvido e continua seu trajeto, sem olhar pra nada.
Estranho... Mas já se acostumou.

Nathalia.