segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Poesia Pífia - O Augusto

Na minha poesia
não tem lorota.
Não tem amor eterno
nem vôo de gaivota.
O que sai na minha poesia
é cheiro de esgoto.
E desgosto de pai pelo filho;
andarilho roto.
Sai tempo perdido
em fila de banco
pra bancar o luxo
desses pestes
que lucram um trilhão
em um trimestre.
Da minha poesia
sai sangue de aborto
da cocota menina,
que não vislumbra
outra sina.
Sai bafo de buso lotado,
cada vez com menos lugares
pra se viajar sentado.
Da minha poesia
sai o riso epitáfio
dos pífios
que confraternizam
com pedófilos.
Da minha poesia
sai a azia; o ardor,
da bebedeira
da noite anterior.
A minha poesia
não consegue ter lirismo.
Ela se contenta
com fortes doses
de cinismo.

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