segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Coisas que lembro antes de dormir

Foi um dia bom hoje, estou feliz. Acordei bem, graças a Deus, tinha um dia lindo lá fora me esperando. Fui trabalhar, amontoada no trem da linha F – Brás / Calmon Viana. Cheguei na hora, cumprimentei meus colegas e mergulhei no trabalho, sempre gostei de trabalhar, sempre o fiz com gosto, com o meu jeito.
Acabou o expediente, inicia-se agora uma pausa para a vida pessoal, encontro o William, o abraço forte, lhe dou um beijo apaixonado de saudades; conversamos, lemos algumas coisas juntos, falamos besteiras e dormimos no trem, um desmaiado no outro (risos).
Chegando na estação encontramos com meu pai e lá se vão: o homem mais importante da minha vida e o meu amor, juntos, descendo as escadarias do Romano pro trem, indo ambos para a busca de suas realizações. Assovio para os dois e arremesso um beijo de lá de cima pra cada um; como se combinassem, ao mesmo tempo respondem com beijo; jamais, jamais me esquecerei desta cena. Ela é minha, muito minha. Meu tesouro...
À noite chega, vou pra escola e lá meus amigos, felizes, intactos; à meia hora depois do intervalo, me dá um vazio, uma vaia de mim mesmo, tantos planos movendo eles, tantos futuros já sendo combinados, esse é o mal de não gostar da palavra destino, cuidar de aprontar tudo, nessas horas me sinto mal... Fazer planos? Sim, claro. Mas como? Se falta bases e certezas? “Muitas pedras no caminho e uma flor em cada mão”.
Dá o sinal, todos se despedem, dou o braço para minha grande irmã loirinha Thatá, mal ela está, olho para o céu e apresento a ela um “Céu de pipas mortas” e ela me apresenta sua meia lua amarela triste, nos despedimos com desejos de melhoras.
Enquanto ando rápido, ouço passos a mais que os meus, olho para trás, assustada confesso, não era ninguém, às vezes acho que ouço coisas que não estão lá. Abro o portão e minha mãe e chama, ouço aquela voz doce, aquela mulher, que já trabalhara demais aquele dia, cansada mas linda, linda como sempre; e eu vou, vou para aquela voz sempre, como uma cachorrinha que segue a dona. Enquanto arrumo minha cama para deitar, me vem Thatá na cabeça e sinto que posso fazer algo por ela, e é isso que faço, invoco o seu céu de verão para afastar aquela lua triste. Espero que tenha dado certo, não sei...
Acabo e me dirijo para cá, meu computador onde permaneço até agora as 00:57. Vejo fotos, meus amigos, minha família, minha banda... O que será que eles fazem agora? Acho que dormindo, ou será que estão tristes? Será que estão felizes? Será que dormem só, solitários ou acompanhados? Será que sonham?
Releio meus textos e me divirto (risos), revejo alguns presentes que me trazem boas recordações... boas...
Ligo o som, engenheiros claro, minha banda favorita, “Tchau Radar!” meu CD favorito, e o word, meu brinquedo de fazer palavras, frases e versos...
Eu quero terminar dizendo: Se eu tivesse conquistado tudo que eu quero na minha vida, se eu soubesse claro o que eu já quero e já tivesse tudo acontecido, estaria dormindo, nem ligaria pra toda beleza do meu dia, não teria rido com meus amigos, não teria dito pra minha mãe que tenho oscilações de humor e que já chorei no trabalho, porque eu não teria chorado; pensado nos meus amigos com todo o carinho como pensei hoje, porque talvez eles nem ligassem pra mim como eles ligam, porque eu já teria excluído coisas bonitas minhas do meu computador porque isso é passado e passado a gente limpa.
É por isso que eu digo:
Vacilei em algumas horas na minha vida de 16 anos, mas foi nelas que eu fiquei feliz depois, por ter superado.
Foi esse momento de hoje que me fez desabafar algo a mais meu pra minha mãe e eu sei que isso vai me ajudar a ser uma mulher mais verdadeira comigo mesma.
Foi por ter descido naquela estação que eu presenciei aquela cena de filme, um filme rodado apenas na minha mente, no meu tempo, da minha vida.
Porque nós não conquistamos tudo tão cedo na vida, porque a vida é uma conquista. Porque o “céu de pipas mortas” e uma lua triste amarela é um drama, um romance.
Mas invocar um céu de verão pra ajudar um amigo, é uma poesia...
Abrigue um amigo pra sensibilidade do seu coração não ser afetada pelo mundo moderno.
Amanhã, eu quero seguir viagem...


Manuela Ramos

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